Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Eu, índio

                            

                                                               para Noel Nutels


Ah! Povo amado desarmado
Suas estradas cortam
As linhas do meu corpo

Em cada um sou aculturado
Com a pena de Debret sobre o gentio

Assumo o bater de teclas
Num piano branco de carnaúba

Pleno piedoso paternalista

Pregado

Com cravos da reforma
Do avô do pai do filho Rondon

E lendo a pauta dessa parede...

Ah!  Infância desamparada
Obrigada a vestir-se com o que há
De mais antigo

Suas contas sempre de vidro
Os colares, dados coloridos

Exclama a nação do Planalto:
É pacífico esconder as pirocas

Ah!  Meu irmão de bunda nua

Falta-me o concreto armado
Para o altar de palha
Ser confessionário de Tupã

E descobrir entre o riso
Desses dentes obturados
A procedência dos escárnios

Obrigado Doutor pela vacina
Já falo russo tenho maldade

Entendo Drummond de Andrade

Um comentário:

  1. Pleno piedoso paternalista
    MARAVILHA!!
    P.S.: O índio da foto é um gato! rsrs..

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