Poetas sem Fronteiras
Blogging in the Wind

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Casa telas & janelas

Brilham os ratos
e bordados nos sapatos
Brilham insetos
alimentando sapos
  Zé Ramalho e Lula Côrtes
  in "Noite Preta"
                       


                                  Uma casa de praia
                                  Que se preze 
                                  Além do mar obrigatório

                                  Há que ter telas
                                  Sintéticas e lagartixas
                                  Nas janelas

                                 Uns insetos
                                 Bastante
                                 Diante de luz
                                 Amantes
                                 Cegos e certos
                                 Dos vôos frustrados



O que pretende camponês nesta cidade?  Ter o
nome registrado, chamar-se Faustino e pertencer
a uma classe?

"Fausto!  Questiona esse martelo
 Observa o jardim, a destruição
          
  Fica no campo afiando a foice!
  Fica no campo afiando a foice!"

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No  reflexo do sol, o espelho obscurece os olhos
e não muda nada.  Daí o encantamento da sombra
acolhedora da poesia.  Oremos!

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Na cozinha, a carne está exposta esperando.  Com
óleo fervendo, serve de pasto, sangrando, morta e
servil ao moinho que a corta.  Do telhado, as quatro
pás trituram, movidas pelo vento, a água.  E promovem
a irrigação.  O moinho tem mãos e nelas uma serva que
não custa nada.  Roda pelo simples rodar das coisas feitas
para rodar, como o crucificado.  O vendaval, este sim
inocente, mesmo assim varre a escada, deixa  o sal que
o calor liquidificou na madeira pra soprar a coisa apodrecida.
O vento leva e não discrimina cheiro!
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O sangue do homem fertiliza o pequeno pensamento burguês.
Idéias e alimentos são  retirados do luxo envoltos em papéis
obrigatórios para serem encinerados.  No início era o Corpo!

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Depois vieram os trapos, arranjados às pressas.  Sempre. Toda vez
que o modo de produzir as roupas desnudava o objeto.

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Há casas códigos & janelas em qualquer comunicado.  A síntese
é uma mentira descarada ao afirmar-se filha da fome com a comida.
No início eram os meios!  E tudo ficou realmente para depois ser
acertado.  Após leitura de clássicos poeirentos, embutidos, enfileirados, 
aguardando justificação para o significado de como comer  dormindo
sem mijar no lençol imaculado.

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A casa de praia tem de contar com o supermercado da cidade e do
campo.  A estrada berra seus preços acessíveis através das bananas
dadas e verdes.  No início do tempo tinha o dia santo!  A cara suja da
criança informa que a queimada adianta.  Que das cinzas impressas
posteriormente surge um bocado de tipos assimilados.  Esses putos!
O dinheiro.  Quem coleciona a cara desses putos!  No início eram
moedas de barro.  Mesmo sempre moinhos!

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No início era o verbo!  Intransidireto.  O inseto que pousou na maçã
foi devorado junto com o fruto proibido.  Da digestão de um sono
profundo, Deus pegou a Mater e gerou o Pai, masturbando-se diante
da sagrada família.

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Já de início aparece o resto.  Na casa de telas nas janelas, a tradição é
mantida varrendo-se conchas mortas dos portais de entrada.  Lá fora,
ficam os insetos.  Como no Paraíso.

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